domingo, 28 de novembro de 2010

A MENTE QUE NÃO MENTE


Autor: Hermínio C. Miranda


A ortodoxia religiosa sempre andou preocupada com a eclosão de doutrinas reformistas e renovadoras que classifica sumariamente de heréticas. Essa vigilância tem levado a muita perseguição injusta e a não poucos arrependimentos e recuos. Alguns heréticos chegaram mesmo a passar da condição de réprobos à canonização, como Joana D’ Arc, quando foi revisto o seu processo. Outros, como Giodarno Bruno e Galileu, constituem até hoje pontos sensíveis na história eclesiástica, como pecados da juventude que não relembramos sem angústia.

O problema, porém, tornou-se muito mais sério nestes últimos tempos, nos quais o arcabouço teológico começa a estalar ao peso insuportável da modernização do pensamento. Ainda que a ciência também tenha seus dogmas e seus hereges, muito do que ela vai revelando adquire foros de conquista irreversível, geralmente em sacrifício de velhos conceitos superados.

Qualquer menino de ginásio sabe hoje que um corpo humano não pode subir ao céu como querem os dogmas da ascensão do Cristo e de Maria.

Mesmo admitindo-se a atuação de uma força propulsora que os projetasse para além da gravidade terrestre, os corpos assim deslocados, ficariam suspensos no espaço a circular na órbita da terra ou de seu satélite.

Esse tipo de conhecimento leva o homem moderno às trilhas da descrença por não saber como conciliar razão e fé. Os grandes filósofos do cristianismo ortodoxo conseguiram, com enorme sucesso e por largo espaço de tempo, convencer fiéis de que a fé era uma coisa e razão outra, e que aquela não poderia ser subordinada a esta.

Ainda há quem admita esse conceito absurdo; outros, porém, preferem pensar por sua própria cabeça e submeter à crítica da razão aquilo que lhes chega envolvido pela atmosfera abafada da teologia escolástica. Estes derivam para descrença e desanimam na busca da verdade ou partem para o estudo sistemático de qualquer sistema que ofereça alguma luz ao entendimento do universo.

O Espiritismo é a doutrina que conseguiu, pela primeira vez, conciliar fé e razão, não admitindo aquilo que não puder passar no teste do racionalismo inteligente e esclarecido.

Por isso vai se impondo metodicamente, seguramente, ampliando cada vez mais sua área de influência, pois atrai a todos aqueles que, sem poderem mais aceitar a velha crença divorciada da razão, estão prontos para acatar uma verdade superior que não exige o sacrifício do raciocínio. Mas ainda: o Espiritismo expõe uma doutrina do mais profundo sentido humanista. A sua racionalidade não a levou à frieza dos símbolos matemáticos ou dos meros conceitos filosóficos – é, antes, uma norma de vida, um roteiro para compreensão do universo e posicionamento do homem na escala cósmica.

Por isso, muitos nos procuram, o que preocupa, como é natural, os responsáveis pela perpetuação do superado sistema dogmático. Através dos séculos, chegou a ser desenvolvida uma verdadeira técnica de combate às novas idéias que ameaçam a estabilidade da ortodoxia. Essa técnica se aperfeiçoa com o passar do tempo, mas continua basicamente a mesma.

O Espiritismo é uma das doutrinas que muito vem incomodando a igreja especialmente a brasileira, ou seja, a porção brasileira do catolicismo romano. Para combatê-los, vários e ilustres sacerdotes têm sido investidos dos necessários poderes e dos competentes “Imprimatur” e “Nihil Obstat”. Essa é a técnica básica.

Há algum tempo, entretanto, a dominante do plano de ataque era a velha doutrina de interferência do diabo nas manifestações mediúnicas. Hoje isto seria inadmissível, pois até mesmo os sacerdotes já descobriram que essa história de demônio é fantasia pura. A prova está nas declarações de alguns eminentes teólogos perante o Concílio Vaticano-II. Impedidos assim de invocar o demônio de atacar a ciência nas suas conquistas mais legítimas, buscam qualquer princípio científico que ofereça a mínima possibilidade de apoio. Esse é o ponto em que variou a técnica.

Um dos recursos de que estão se socorrendo os nossos queridos irmãos sacerdotes é a Parapsicologia, na qual vêm depositando grandes e infundadas esperanças.

A Parapsicologia ainda não está muito segura de si e sofre dum renitente mal de origem, que poderíamos chamar, recorrendo ao velho grego, de pneumofobia, ou seja, medo do espírito. A jovem ciência que nós espíritas, poderíamos classificar como autêntica reencarnação da Metapsíquica, treme à idéia de acabar descobrindo o espírito humano e foge da palavra como, segundo se dizia, o desmoralizado diabo fugia da cruz. Os modernos tratados de Parapsicologia giram todos em torno do mesmo “leit motiv”: “O Alcance da Mente”, “O Novo Mundo da Mente”, “Ciência Fronteiriça da Mente”, “Canais Ocultos da Mente”. É tudo mente e nada de espírito. Sobrevivência?! Deus nos livre! Pois se nem quererem concordar em que o espírito exista, como vão admitir que sobrevive? Nada disso; tudo se explica pela faculdade extra-sensorial da mente. Mas que faculdade é essa e que “Mente” é essa?

Vêm, então, os nossos inevitáveis sacerdotes parapsicológicos deitar sabedoria extra-sensorial, contaminados irremediavelmente pela mesmíssima pneumofobia e tudo para eles é Mente também.

Topamos, assim, como esta incongruência, difícil de se admitir em homens que devem ter estudado a sua filosofia:

1 – a mente dispõe de faculdades extra-sensoriais (postulado cientifico que aceitam e ensinam);

2 – o espírito (alma) que não pode existir sem a mente; sobrevive à morte física (postulado teológico que também aceitam e pregam);

3 – a mente (ou espírito ou alma) não está sujeita a limitação de tempo ou de espaço (também pacífico).

No entanto, qual a conclusão: A mente do espírito sobrevivente que ligada ao corpo, tinha recursos tão notáveis, não pode manifestá-los quando se separa do corpo pela morte física, a não ser através do “milagre”(!).

E os livros que contam essas coisas merecem ingênuos e inadvertidos “Imprimatur” e “Nihil Obstat”, o que vale dizer que são aprovados, confiantemente para o leitor católico; autoridades Eclesiásticas respeitáveis dão cobertura do ponto de vista teológico a obras que, do ângulo científico, estão oferecendo uma visão deformada e incompleta da realidade. A Parapsicologia não tem substância suficiente para oferecer base à teologia ortodoxa e jamais a terá, enquanto permanecer contida nos seus gabinetes atuais.

No dia em que o mecanismo do espírito (chamem de mente se quiserem) for pesquisado por cientistas corajosos e despidos de preconceitos, vão ser “revelados” os seguintes pontos que o Espiritismo conhece há mais de cem anos:

1- que espírito existe, preexiste e sobrevive;

2- que há um intercâmbio ativo entre os homens que já viveram na Terra e os espíritos dos que vivem como homens;

3- que o espírito se reencarna, evolui e é responsável pelo que faz aqui e no mundo espiritual.

Diante disso, como é que vão ficar os nossos padres parapsicólogos? Quando voltarem para o espaço, depois da chamada "crise da morte" e quiserem transmitir a realidade da sobrevivência ao companheiro encarnado, este poderá dizer muito simplesmente que não é preciso admitir a comunicação espírita; basta a pantomnésia ou a hiperestesia direta, ou indireta. E o pobre espírito, dentro duma realidade irrecusável, irá amargar alhures a repercussão de sua vaidade teológica e científica.




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terça-feira, 23 de novembro de 2010

VAMPIRISMO SEXUAL


Vampirismo é um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores

Equipe Consciência Espírita

Em seu livro Mediunidade, no capítulo VIII, o jornalista, escritor, filósofo e professor J. Herculano Pires, tratando dos problemas da obsessão, faz referências à existência de certas formas de vampirismo, como a sexual, que viola princípios morais e religiosos. Estudada pelos estudiosos e pesquisadores, mas muito pouco tratada no espiritismo em virtude do escândalo que provoca, muitas vezes causando perturbações a criaturas simples ou excessivamente sensíveis.

As três categorias de obsessão

Para compreendermos esse delicado e urgente assunto é necessário conhecer algo do mecanismo das perturbações espirituais. “A obsessão é uma infestação da alma, semelhante à infecção do corpo carnal, produzida por vírus e bactérias”, compara o professor.

Kardec classificou a obsessão em três categorias: obsessão simples, subjugação e fascinação. “O primeiro tipo se caracteriza por perturbações mentais e alterações de comportamento, sem muita gravidade. O segundo, pelo domínio do corpo, produzindo-lhe os chamados tiques nervosos e sujeitando-o a atitudes ridículas em público. O terceiro consiste no domínio hipnótico de corpo e alma, através de um processo de fascinação que deforma a personalidade”, lembra Herculano Pires.

Viciações sensoriais

No caso do vampirismo trata-se de “um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores”. Já no vampirismo sexual a ligação perturbadora por parte do obsedado se dá com espíritos inferiores que se deixaram arrastar nos delírios da sensualidade e continuam nessa situação após a morte.

Modalidade grave de perturbação espiritual, “o vampirismo sexual pode reduzir o obsedado à inutilidade, afetando-lhe o cérebro e o sistema nervoso, tirando-lhe toda disposição para atividades sérias”. Traduz-se em incontáveis “casos de sexualidade mórbida, exasperada pela atividade dos vampiros”, enfatiza.

Uma parceria sinistra

Para mostrar a complexidade do problema, que acomete tanto héteros quanto homossexuais, o professor Herculano Pires relata um fato ocorrido com um jovem recém saído da adolescência. O caso foi testemunhado por ele próprio e bem ilustra o quanto o vampirismo é uma parceria sinistra.

Conta ele:

“Um jovem de pouco mais de vinte anos procurou-nos para expor o seu caso. Começou dizendo em lágrimas, de mãos trêmulas: ‘Sou um desgraçado que goza mais do que muitos rapazes felizes. Toda noite sou procurado em meu leito por uma deidade loira e belíssima, extremamente amorosa, que se entrega a mim. É uma criatura espiritual, bem sei, e não quero aceitá-la, mas não posso repeli-la. Após, ela desaparece como nos contos de fadas e eu me levanto e grito por ela em tamanho desespero que acordo os vizinhos. Todos pensam que sou um sonâmbulo ou um louco. Ajude-me, por piedade!’”

Relata o professor que o caso vinha de longe, desde os 16 anos. A jovem lhe aparecera pela primeira vez como sua filha de outra encarnação. Na verdade,“essa referência filial era um embuste”, observa o professor, um engodo“destinado a aumentar as sensações com o excitante do pecado. Seis anos depois o reencontro por acaso. Fugira envergonhado pela confissão e com medo de que o libertássemos da obsessão. Mas já parecia um velho, cada vez mais trêmulo e de cabelos precocemente grisalhos. Prometeu ir ao centro que lhe indicamos, mas não foi. O vampirismo o exauria e deve tê-lo levado a morte precoce.”

Esclarece o professor que casos desta espécie são mais freqüentes do que geralmente supomos, mas permanecem em sigilo. “A situação de ambivalência da vítima auxilia o vampirismo destruidor”, lamenta.

Tendências, desvios e provações

Segundo Herculano Pires, tendências e desvios sexuais têm procedências diversas e suas raízes genésicas podem vir de profundidades insondáveis. Ele pondera que “a própria filogênese do sexo, que começa aparentemente no reino mineral, passando ao vegetal e ao animal, para depois chegar no homem, apresentando enorme variação de formas, inclusive a autogênese dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas, justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos”.

Mais próximos de nós nas linhas de hereditariedade germinal cita “os ritos da virilidade de antigas civilizações entre as quais a Grécia e a Roma arcaicas, onde em várias épocas esses ritos vigoraram de maneira obrigatória, como em Esparta, onde os efebos, adolescentes, deviam receber a virilidade transmitida por homens adultos e viris através da prática homossexual”.

No entender de Herculano Pires esses episódios fornecem elementos possíveis de explicação para o fenômeno dos desvios sexuais, uma vez que as sensações dessas experiências vivenciadas, além da hereditariedade filogenética, se gravam, de maneira mais ou menos intensa, nas estruturas supersensíveis do perispírito, projetando-se em formas dinâmicas na memória profunda ou inconsciente. “Essas formas sensoriais podem aflorar na afetividade atual, atraídas por sensações afins, no processo do associacionismo sensorial. Tudo, isso, entretanto, não elimina a tendência à normalidade da espécie, principalmente num sistema básico como a da reprodução”, reflete Herculano.

Influências espirituais perturbadoras no homossexualismo adquirido

Para o filósofo, no entanto, a maioria dos casos do chamado homossexualismo adquirido, senão todos, provém de atuação obsessiva de entidades atormentadas, entregues aos desvarios dos instintos inferiores, que potencializam as tendências de suas vítimas. Mas acrescenta: “a responsabilidade não é só dessas entidades, é também das vítimas que, de uma forma ou de outra, se deixaram dominar pelos primeiros impulsos obsessivos ou até mesmo provocaram a aproximação das entidades”.

Em vários casos dessa natureza há ainda os motivos de provação, “decorrentes de atrocidades praticadas no passado pelas vítimas atuais, que são agora colocadas na mesma posição em que colocaram criaturas inocentes em encarnações anteriores”, segundo os mecanismos de ação e reação das leis divinas.

É necessário transcender a visão parcial e materialista dos problemas sexuais, que tem suas raízes no espírito reencarnado

“A lei de causa e efeito, o carma da terminologia indiana, colhe suas vítimas geralmente no período da adolescência, quando essas ocorrências são mais favorecidas pela crise de transição da idade. Mas também há casos ocorridos na idade madura e na velhice, dependentes, ao que parece de crises típicas desses períodos. Nos casos chamados de perversão constitucional a presença dos obsessores não está excluída, pois eles são fatalmente atraídos e ligam-se às vítimas excitando-lhes as sensações e agravando-lhes a perturbação”, observa o professor Herculano Pires.

Uma vez que as tendências anormais (estando elas enraizadas no espírito reencarnado) aparecem como conseqüências de faltas ou crimes dos indivíduos que as sofrem, sempre com a finalidade de superá-las na encarnação presente, a meta deve ser jamais entregar-se ao dar vazão deliberada a essas tendências e desvios.

O vampirismo cessa no momento em que o obsedado se dispõe a reintegrar-se em si mesmo

E aqui, uma importante observação é feita por Herculano: “a objeção psiquiátrica e psicológica de que a repressão produz recalques, frustrações, traumas e outras conseqüências desastrosas para o indivíduo provêm da visão parcial do problema no campo materialista. Todas as vitórias do homem no sentido de seu ajustamento às condições normais da espécie são recompensadas com a tranqüilidade proporcionada pelo ajuste, eliminando a inquietação do desajuste. Um ser bem integrado em sua espécie corresponde à ordem natural da realidade e às exigências de transcendência de sua própria existência”.

Nesse sentido, orienta o professor que “o vampirismo cessa no momento em que o obsedado se dispõe a reintegrar-se em si mesmo, na posse de sua personalidade, não aceitando sugestões e infiltrações de vontade estranha em sua vontade pessoal e soberana”.

Os direitos do ser espiritual em evolução

Uma vez que tanto lutamos por fazer valer os direitos humanos, Herculano vai além, conclamando os espíritas a refletirem sobre a problemática do vampirismo, implícito nos lamentáveis desvios da sexualidade que, desafortunadamente, vem drenando moral e espiritualmente indivíduos e famílias inteiras em todos os segmentos da sociedade contemporânea: “Cabe aos espíritas, que conhecem a outra face da existência, medir a distância qualitativa entre o entregar-se às forças negativas do passado, como escravos de uma situação miserável entre os homens, e o ato de empossar-se nos seus direitos de criatura humana em evolução, avançando na direção dos anseios superiores da sua consciência humana”.

E acrescenta: “A psiquiatria materialista, que desconhece os processos dinâmicos do espírito, pode considerar esses casos como irremediáveis e recorrer ao processo escuso de normalizar o anormal. Mas o espiritismo nos fornece os recursos do esclarecimento científico e racional do problema”.

Auxílio dos centros e grupos espíritas idôneos

O professor Herculano Pires nos leva a refletir que “nos centros e grupos espíritas bem orientados, as perturbações espirituais de ordem sexual são tratadas de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo e respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas”.

Despertando a vontade anestesiada

Herculano ainda relata um penoso caso por ele acompanhado de homossexualidade adquirida em que o obsedado reintegrou-se após dez anos de luta solitária, conscientizando-se de seu problema, esforçando-se em superá-lo através da terapêutica espírita e do recolhimento fortalecedor da prece.

Segundo relatou ao professor, sua mãe, já desencarnada, o auxiliava através de aparições periódicas, sem nada dizer, mas de olhos cheios de lágrimas.“Graças a essa ajuda materna conseguiu despertar a sua vontade anestesiada e livrar-se das tentações vampirescas”.

Comenta ainda Herculano que esse companheiro tornou-se espírita e casou-se. Hoje freqüenta regularmente um centro espírita em São Paulo e se interessa especialmente pelos casos de vampirismo. “Quer pagar com o seu auxílio aos outros o benefício imenso que recebeu. Ninguém sabe nada do seu passado infeliz e todos o consideram e estimam. Não foi esse o caso de Madalena, que Jesus socorreu e transformou na primeira testemunha da sua ressurreição?”questiona o professor.

Conclusão

Referindo-se aos recursos espíritas nos casos de vampirismo, conclui Herculano que graças a essa luz divina no campo da comunicação — que é a mediunidade — “as mães sofredoras, que deixaram filhos no mundo em resgates dolorosos, conseguem socorrê-los e libertá-los de provas esmagadoras, que os homens, em geral, só sabem aumentar e agravar”.

E dirigindo-se aos médiuns que laboram anônima e desinteressadamente nas casas espíritas, enfatiza: “Os médiuns precisam conhecer esses episódios emocionantes, para compreenderem o esplendor secreto de sua missão e a utilidade superior e humilde do mediunato que lhes foi concedido. Chegou a hora em que esses fatos secretos devem ser proclamados de cima dos telhados, segundo a previsão de Jesus registrada nos Evangelhos. Mais do que nunca se comprova o adágio: ‘Ajuda-te e o Céu te ajudará’”.

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"Mediunidade (Vida e Comunicação)", de J. Herculano Pires, Edicel

Fonte: Site Consciência Espírita em 01/02/2006 - www.consciesp.org.br

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sábado, 20 de novembro de 2010

PSICONEUROIMUNOLOGIA - AS EMOÇÕES E A SAÚDE


Quantas pessoas depois de uma forte emoção já ficaram doentes? Um luto, um acidente, perda de emprego, mudança de escola ou até quando conseguem um novo emprego.

Inúmeras pessoas já passaram por isso e podem desenvolver deste um simples resfriado até uma doença crônica.

Já há alguns anos vem-se estudando como as emoções podem se inter relacionar com o nosso sistema imunológico, ou seja, como os fatores psicológicos influem no nosso estado de saúde. Mas atualmente a ciência que estuda esta área vem ganhando crédito – é a psiconeuroimunologia.

Este nome foi criado em 1975 pelo Dr. Robert Ader, da divisão de Medicina Comportamental e Psicológica da Universidade de Nova York, pois ele acreditava haver uma ligação entre o nosso estado mental, a nossa saúde e a nossa capacidade de autocura. Esta ciência estuda a relação entre as ações do nosso sistema nervoso, do sistema endócrino, do sistema imunológico, do psiquismo e como todos estes sistemas implicam na saúde em geral.
O nosso sistema nervoso regido pelo cérebro e por suas ramificações pelo corpo comanda reações químicas que influenciam os nossos hormônios e as nossas células de defesa mantendo assim, o equilíbrio do nosso organismo chamado de homeostase. Os nossos sentimentos fazem com que estas reações se acelerem ou ocorram mais lentamente causando as euforias ou depressões dos nossos sistemas.

Quando as emoções se normalizam, a resposta orgânica também se equilibra.

O problema aparece quando não conseguimos lidar com estas emoções e elas passam a interferir nos mecanismos químicos, levando a nossa auto destruição além da capacidade de reparação – surge a doença.

A estrutura fundamental e comportamental que faz a diferença individual é primeiramente emocional, emoção que é sentida pelo espírito que se manifesta no corpo material. Portanto, a forma como encaramos os problemas, o stress e a geração de doenças está diretamente ligada com o amadurecimento espiritual.

Para nos mantermos saudáveis precisamos mudar algumas crenças sobre a vida, sobre medo, insegurança, felicidade, etc... para vivermos mais plenamente.

É claro que estas mudanças são desafios e nem sempre queremos fazê-lo, mas podemos pedir auxílio para um psicoterapeuta, podemos fazer um curso de reforma íntima, podemos ler mais sobre mudanças de crenças e hábitos, enfim podemos tomar em nossas mãos a responsabilidade de nossa saúde.

Algumas doenças que já são aceitas pela ciência como resultado das emoções não trabalhadas: asma brônquica, urticária, doenças infecciosas, neoplasias, artrite reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, colite ulcerativa, dermatomiosite, esclerodermia, etc.

Algumas técnicas que podem ajudar a relaxar em momentos de stress: visualização positiva para mudarmos uma situação ruim, relaxamento através de respiração profunda, ouvir uma música calma, um banho quente e mais demorado, ler o evangelho de Jesus. Tenha uma boa saúde!


Rosely Andrade

Fonte: Site – Samaritanos de Jesus em 15/12/2005 - www.samaritanos.com.br


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A APARIÇÃO DE JESUS DEPOIS DA MORTE


Paulo da Silva Neto Sobrinho

Em várias oportunidades Jesus disse aos seus discípulos que após sua morte ressuscitaria. Preocupa-nos a compreensão correta do que, em seu conceito, era a ressurreição. Vejamos a seguinte passagem:


“E que os mortos ressuscitem, é Moisés quem dá a conhecer através do episódio da Sarça Ardente, quando chama ao Senhor: o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; para ele, então, todos são vivos”. (Lc 20,37-38).

Vejam bem, se Jesus, em se referindo a pessoas que haviam morrido, diz que para Deus todos “são vivos” é porque nossa individualidade sobrevive após a morte, em outras palavras, poderia estar dizendo da nossa condição de espíritos eternos. Ao que chamamos de morte é apenas o processo, ao qual nosso espírito, em seu regresso ao plano espiritual de onde veio, devolve à natureza os elementos constitutivos do corpo físico, cuja finalidade era viabilizar o seu desenvolvimento moral e intelectual. Em vista disso, é que devemos entender que a ressurreição de que Jesus falava não era no corpo físico, e sim o ressurgir em espírito. Foi o que aconteceu com ele. Depois de sua morte esteve ainda na terra em seu corpo espiritual, conforme se encontra em Atos: “Após sua paixão, ele lhes mostrou, com muitas provas, que estava vivo, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do Reino de Deus”. (1,3).

Sabemos, por informação dos próprios espíritos, que eles se manifestam em seu corpo espiritual, denominado perispírito. Nele é evidenciada toda a evolução moral do espírito, assim quanto mais luminoso maior evolução e, via de conseqüência, quanto menos luz produzir mais inferior é o espírito. Deve ser pelo motivo de sua luminosidade que, em algumas situações, Jesus não foi reconhecido pelos seus discípulos, como observamos em Mc 16,12: “Depois disto, ele apareceu sob outra forma, a dois deles que estavam a caminho do campo”. Também ao aparecer a Saulo, na estrada de Damasco (At 9, 3-9), veio em sua plenitude espiritual, fato que impossibilitou aos que presenciavam o fenômeno de vê-lo, só ouviram sua voz. Ao narrar esse acontecimento, Paulo diz (At 22,6-9): “... aí pelo meio-dia, de repente uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim”, o que confirma o que estamos dizendo sobre o perispírito refletir a evolução moral.

A matéria, igualmente, não oferece nenhuma resistência a esse corpo perispiritual. Vejamos a prova disso, pelo fato de Jesus ter entrado em ambiente fechado: “Oito dias depois, os discípulos se achavam de novo na casa, e Tomé com eles. Jesus entrou, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e os cumprimentou: A paz esteja convosco!”. (Jo 20,26).

Podemos aceitar também que, em algumas circunstâncias, Jesus se materializou diante dos discípulos, nesse caso tornou-se tangível, o que podemos verificar quando diz: “Olhai para minhas mãos e pés: sou eu mesmo! Apalpai-me e vede: um fantasma não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho! Dizendo isto, mostrou-lhes mãos e pés. Mas como hesitavam em acreditar, por causa da muita alegria, e continuavam espantados, Jesus lhes disse: ‘Tendes aqui alguma coisa para comer?’ Deram-lhe um pedaço de peixe grelhado. Ele o tomou e comeu na presença deles”. (Lc 24, 39-43). É bem provável que Jesus, ao se materializar, teve que se comportar como se fosse realmente de carne e osso, tendo em vista que nem os discípulos nem os de sua época tinham conhecimento dos mecanismos das manifestações espirituais para entender o que estava acontecendo.

Temos que convir que, em certos relatos do Evangelho, existem alguns exageros. Assim, determinados acontecimentos foram colocados buscando valorizar os fatos ou a pessoa quem os produziu. Vejamos, como exemplo, o que consta em Jo 21,25: “Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seriam escritos”.

Dito isso, vamos à 1ª carta aos Coríntios 15, 3-6: “Eu vos transmiti principalmente o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, depois aos doze. Em seguida apareceu, de uma só vez, a mais de quinhentos irmãos, dos quais a maior parte vive ainda hoje, embora alguns tenham morrido”. Nenhum dos quatro evangelistas fala que Jesus teria aparecido a quinhentas pessoas, assim podemos supor que pode ser apenas um exagero de Paulo.

Por outro lado, até mesmo a questão de Jesus ter ficado quarenta dias no meio dos discípulos poderíamos entender de outra forma, pois o número 40 possuía, para eles, um significado importante, observem:

- O povo hebreu permaneceu 40 anos no deserto;

- No dilúvio choveu 40 dias e 40 noites;

- Jacó ao morrer ficou 40 dias embalsamado;

- Moisés ficou no Sinai 40 dias e 40 noites, quando recebe os Dez Mandamentos;

- Deus, por castigo, entrega os israelitas aos filisteus por 40 anos (Jz 13,1);

- Em desafio um filisteu se apresenta ao exército hebreu por 40 dias (1Sm 17,16);

- Davi reinou por 40 anos (2Sm 5,4);

- O templo tinha 40 côvados.(1Rs 6,17);

- O reinado de Salomão durou 40 anos (1Rs 11,42);

- Elias, após comer o que um anjo lhe dá, caminha 40 dias e 40 noites (1Rs 19,8);

- Jesus jejuou 40 dias e 40 noites.

Carlos Torres Pastorino no Livro A Sabedoria do Evangelho, quando fala sobre como devemos fazer a interpretação da Bíblia, coloca:

Os números possuem sentido muito simbólico, assim:

10 – diversos

40 – muitos

07 – grande número

70 – todos, sempre.

Então, conclui: não devem ser tomados à risca.

Dessas aparições de Jesus podemos realçar duas coisas. A primeira, é que há vida após a morte, caso contrário, ninguém poderia aparecer depois de morto. A segunda, é que os mortos se comunicam com os vivos, por mais que alguns ainda venham a dizer que isso não pode ocorrer, a nós não resta dúvida alguma quanto a isso. Alguns querem sustentar que Jesus tenha se manifestado com o corpo físico, entretanto isso não condiz com o que podemos tirar dos acontecimentos.

Então Jesus não ressuscitou no corpo físico? Reafirmamos: Não, apesar de que isso possa lhe causar um certo choque, mas analisemos.

Quando se apresenta a Maria de Madalena, diz “não me toques, porque ainda não subi para meu Pai” (Jo 20,17), entretanto, a Tomé Ele disse: “Põe aqui o teu dedo, vê as minhas mãos, aproxima também a tua mão, põe-na no meu lado” (Jo 20,27), nos parecendo contraditório. Fica ainda mais difícil de compreender, quando colocam Jesus dizendo “porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu tenho” (Lc 24,39), e, na seqüência (v.43), ele está comendo peixe com favo de mel. Tudo isso nos parece ter sido um ajuste para sustentar a idéia de que a alma não sobrevive sem o corpo físico.

No livro de Tobias, encontramos um anjo fazendo coisas comuns ao seres humanos, inclusive comendo, mas ao final ele declara: “Eu sou Rafael, um dos sete anjos... Vocês pensavam que eu comia, mas era só aparência... E o anjo desapareceu...”. (Tb 12, 15-22). No caso de Jesus não poderia ter sido uma situação semelhante ou mesmo completamente materializado, conforme já o dissemos? Esta hipótese justificaria a questão de que poderia ser tocado, pois estaria tangível.

Mas considerando que, em várias oportunidades, se manifesta e ninguém o reconhece, somente acontecendo após algum gesto dele. Isso não ocorreria se ele tivesse mesmo ressuscitado no corpo físico. Se fosse em espírito poderia muito bem, por sua evolução espiritual, transparecer com tanta luz que não conseguiram de imediato identificá-lo. Teria Ele, quando vivo, dito algo que viesse a negar depois de morto, já que acreditamos que o que pregou foi realmente a ressurreição do Espírito?

Os evangelistas são unânimes em dizer que o corpo de Jesus foi colocado num túmulo novo. As narrativas de Mateus (27.59-60) e Marcos (15,46) dizem que o túmulo era de José de Arimatéia, enquanto a de Lucas (23,52) não dá a entender isso e João (19,41-42) diz que o túmulo estava localizado no jardim perto do lugar onde Jesus fora crucificado e o colocaram lá apenas porque estava perto, faltam dados para concluir que seria de José de Arimatéia. Prestem a atenção à narrativa, pois foi dito “colocaram” em vez de enterraram, com isso não estaria mesmo para ser um lugar provisório?

Em Atos (5,6.10), quando se narra a morte de Ananias, e, logo após, a de Safira, sua mulher, a expressão usada foi: “levaram para enterrar”, ou seja, em definitivo. Assim, por falta de maiores comprovações, podemos concluir que o lugar onde colocaram o corpo de Jesus não era o seu túmulo definitivo, o que, provavelmente, foi feito depois, daí a razão do desaparecimento de seu corpo, hipótese mais provável tomando-se como base as narrativas.

Por outro lado, no domingo de manhã, dois dias depois da morte de Jesus, algumas mulheres compraram perfumes e foram ao sepulcro para embalsamar o corpo (Mc 16,1; Lc 24,1), reforçando a idéia de que estava ali provisoriamente. João (20,1-2) relata que somente Maria Madalena foi ao sepulcro, sem dizer o motivo, que ao encontrá-lo vazio, diz: “levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o puseram”, ou seja, falou exatamente o que seria de se esperar para uma situação provisória.

Quem vai nos tirar desse impasse? Em Atos (16,7) Paulo e Timóteo tentam entrar na Bitínia, aí diz o texto: “mas o Espírito de Jesus os impediu”. Em 2Cor 3,17, Paulo afirma: “O Senhor é Espírito”. Pedro já nos diz que Jesus: “...sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito” (1Pe 3,18) e mais adiante nos dá outra informação dizendo que Jesus foi pregar o Evangelho aos mortos (1Pe 4,4-6), o que Jesus só poderia ter feito em Espírito. Assim, tudo se converge para a idéia de que Jesus, após sua morte, ressuscitou em Espírito.

A conclusão final, portanto, fica-nos que a ressurreição contida na Bíblia é a do Espírito e não do corpo. E sendo a do Espírito teremos também que, forçosamente, admitir a comunicação dos “mortos” com os vivos, conforme o acontecido com o próprio Jesus após sua morte.

Fica aí ainda evidenciada a necessidade de uma exegese mais realista dos fatos acontecidos, já que o que os teólogos nos colocaram não condiz com a realidade.


imagem - bulevoador.haaan.com

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

POLTERGEIST, AINDA UM MISTÉRIO?


Karl W. Goldstein (Hernani Guimarães Andrade)

"Renascem muitas idéias que caíram; e cairão as que hoje estão em voga".
Horacio

Que vem a ser um poltergeist?

Não e fácil explicar o que seja um poltergeist (pronuncia-se poltergaist). Para ter-se uma idéia, daremos, mais adiante, alguns relatos sumaríssimos de fenômenos de poltergeist, extraídos dos arquivos do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofisicas - IBPP.

O vocábulo poltergeist e de origem alemã e composto por duas palavras germânicas: poltern = batedor, brincalhão, galhofeiro etc., e geist = espírito.

Esta designação e popular e originou-se da crença de que os fenômenos observados seriam provocados por espíritos de desencarna- dos, por duendes, demônios ou outros seres incorpóreos.

Modernamente, há uma apreciável parcela de parapsicólogos que atribui a determinadas pessoas vivas a origem dos fenômenos de poltergeist. Tais indivíduos, denominados epicentro, seriam dotados de excepcional faculdade psicogenética. Em certas ocasiões, essa faculdade se exaltaria em virtude de algum trauma emocional e extravasaria suas energias em forma de ação física sobre os objetos de suas adjacências.

Uma das características do poltergeist seria a repetição periódica dos mesmos fenômenos. Em razão disso , e tendo em vista a sua suposta causa psicogenética, os modernos parapsicólogos passaram a designar os fenômenos de poltergeist pela sigla RSPK, da expressão em inglês: "Recurrent Spontaneous Psychokinesis" (psicocinesia recorrente espontânea). Assim, eliminou-se a conotação metafísica, segundo os parapsicólogos ortodoxos, embutida no vocábulo popular poltergeist.

Não obstante, a palavra poltergeist ainda e muito usada para designar os referidos fenômenos, tal a sua popularização. Mas, para os parapsicólogos considerados ortodoxos, hodiernamente, o termo poltergeist significa RSPK (psicocinesia espontânea) e não a ação Espíritos brincalhões ou seres incorpóreos.

O poltergeist do Paraguai

Em 28 de julho de 1972, o periódico de noticias da colônia japonesa, Jornal Paulista, publicou uma reportagem do jornalista Kazunari Akaki, a respeito de um poltergeist em atividade no Paraguai, próximo a cidade brasileira de Ponta Porã. Os referidos fenômenos tiveram inicio em 1969 e vieram ressurgindo periodicamente ate julho de 1972, quando houve um novo e intenso surto de atividades. (Akaki, 1972).

Esse poltergeist manifestou-se no sitio do sr. Katsumi Okabe. Aquela propriedade media cerca de 100 hectares e estava localizada em solo paraguaio, distante aproximadamente 20 (vinte) quilômetros de Ponta Porã. Os fenômenos constituirá-se, inicialmente, em movimento, sobretudo "apports", de objetos os mais diversos. A natureza dos objetos transportados variava desde pedras de diferentes tamanhos, pneus de caminhão, pedaços de trilhos de aço, carrinhos de mão, rolos de arame, latas, garrafas etc., ate aves (dois papagaios que se achavam encerrados em gaiolas).

O poltergeist do Paraguai (como o designamos comumente) e um dos mais estranhos da nossa coleção. Suas características principais consistem no seguinte:

  1. Sua atividade quase não cessava, permanecendo praticamente dia e noite. Notava-se apenas redução irregular de suas atividades, por pequenos intervalos de tempo, durante os quais ocorriam algumas quedas de pedra, sumiços de objetos etc.
  2. A família do proprietário, sr. Katsumi Okabe, trabalhava no cultivo da terra, em plantação de tomates e outros tipos de hortaliças. As vezes os tomates e pedras eram apanhados e atirados nos trabalhadores. Um dos empregados foi atingido no pe por uma pedrada. O ferimento mostrou-se mais ou menos grave.
  3. Objetos pesados eram transportados de forma misteriosa do pavimento térreo para o superior do grande barracão onde dormiam os membros da família. A escada e a passagem que ligam os dois pavimentos são estreitas, dando apenas para caber uma pessoa. Entretanto, eram trasladados objetos grandes, bicicletas, rolos de malhas de arame, sacos de mantimentos, bujões de gás, macacos de caminhão e outros mais. Tais objetos sumiam do lugar ocupado no piso térreo e iam aparecer no cômodo superior, causando enorme trabalho para recolocá-los de novo nos antigos lugares, pois a passagem pela escada não era suficiente. Tornava-se necessário descê-los pelas janelas.

Quando o repórter do Jornal Paulista esteve naquele local, ele fez algumas experiências para verificar a autenticidade dos fenômenos. Entre elas, ele obteve um cadeado novo (comprado por ele próprio) e uma corrente de ferro. Com esses utensílios, o sr. Akaki (o repórter) prendeu dois pneumáticos a um dos esteios do barracão, na parte do piso inferior. Assim, os pneus ficaram fortemente acorrentados e sujeitos ao esteio pelo robusto cadeado novo, cujas chaves foram guardadas no bolso do próprio sr. Akaki .

O repórter saiu de perto dos pneus por uns instantes e foi o quanto bastou para sumirem dali e aparecerem no cômodo superior. A corrente e o cadeado não foram mais encontrados em parte alguma. Esta "teimosia" do poltergeist em levar todos os objetos volumosos e pesados para o cômodo superior do barracão era uma de suas características típicas.

Outros objetos de menor porte eram conduzidos a outros lugares inimagináveis, ou sumiam misteriosamente para reaparecerem em condições e locais inesperados. Assim, por exemplo, balas e chocolates ganhos pela família e doados por visitantes - entre estes o Cônsul japonês -, depois de desaparecerem de dentro dos invólucros intactos, surgiam a noite e durante o dia, caindo aqui e acolá nos cômodos da casa, como se viessem do teto.

Latas de talco, garrafas de bebida, maços de fósforos, pilhas de lanterna e outros objetos costumavam colocar-se espontânea e inexplicavelmente sobre o tirante de madeira do telhado do barracão.

O jipão Toyota

No sitio achava-se um "jipe Toyota", modelo grande, com carroceria coberta. Quando o jipe era acionado e davam-se voltas com ele ao redor do barracão, ocorria um recrudescimento dos fenômenos, talvez devido ao ruído do motor.

Certa ocasião, o jipe estava lotado e estacionado a uma distancia de cerca de 40 (quarenta) metros da frente de uma tulha. [celeiro; armazém produtos agrícolas] Já era noite. As pessoas da casa e as visitas achavam-se reunidas na casa do sr. Okabe jantando em torno de duas mesas, entre as quais havia um bujão de gás equipado com um tubo longo, na extremidade do qual havia um lampião. De tempos em tempos, ouvia-se o ruído de uma ou outra pedra que inexplicavelmente surgia do ar a uma pequena distancia do bujão e batia no mesmo. Uma das pessoas da família, mais habituada com os fenômenos, alertou os visitantes: "isto e sinal de que o poltergeist ira fazer alguma de suas brincadeiras...".

Não deu outra, dai a instantes todos ouviram um tremendo barulho que assustou as pessoas ali presentes! Saíram munidos de lanterna. Atônitos, verificaram que o enorme jipe havia sido transportado e batera violentamente contra a tulha, vencendo os 40 (quarenta) metros que o separava daquele deposito. O trajeto era em aclive, e o jipe estava lotado, pesando cerca de 2.500 kg! O mais surpreendente foi o fato de não ter deixado no solo as marcas dos pneus! Como teria transposto aquele caminho em ascensão ate a tulha? O impacto foi tão violento que uma das pontas do forte pára-choque de aço do veiculo chegou a entortar!

De onde teria sido extraída a energia para produzir tamanho trabalho?! O jipe estava brecado e com a primeira marcha engatada! Ninguém ouvira qualquer ruído do motor, facilmente perceptível no silencioso ermo daquele sitio e tão próximo como se encontrava o veiculo. Ter-se-ia dado um "apport" semelhante ao ocorrido com os demais objetos transladados de um para outro lugar no barracão? Mistério...

Como começou...

Segundo informações fornecidas por pessoas do local, o sr. Katsumi Okabe teria comprado as terras nos idos de 1962, formando seu sitio a partir dai.

Aproximadamente em 1969, um paraguaio comprou uma dúzia de bananas e sentou-se a beira da estrada para comê-las. Depois de haver comido uma das bananas da penca, notou que haviam desaparecido dali duas delas. Apos ter comido duas bananas, verificou que haviam desaparecido mais quatro. Acreditando que alguém estivesse escondido e roubado-lhe as frutas, o paraguaio tratou de esconder consigo o resto das bananas. Ao tomar esta providencia, sentiu que lhe davam um tremendo soco nas costas, que o fez cair sem sentidos.

Na ocasião em que tal fato ocorrera, uma família paraguaia instalada aproximadamente a meio quilometro da casa do sr. Okabe passou a ser palco de fenômenos inusitados: as camas em que as pessoas estavam dormindo eram levitadas e balançavam de um lado para outro! Temerosos de serem atirados de cima de seus leitos para o solo, os habitantes daquela casa passaram a dormir no chão sob as camas! Mas assim mesmo não tiveram sossego, pois, a noite, enquanto dormiam, eram empurrados para longe dos colchões. Logo mais, os objetos da casa passaram a ser movimentados e atirados para fora, atraindo inúmeros curiosos que vinham assistir aos estranhos fenômenos ali em atividade.

A família paraguaia resolveu mudar-se daquela casa. Porem, lá ficou apenas uma senhora de idade. Esta não quis - não se sabe o porque - deixar a casa. Ao que parece, ela não devia estar se sentindo incomodada. Ela trabalhava na lavoura de tomates do sr. Okabe. Entretanto, aconteceu que ela também recebeu uma saraivada de tomates numa ocasião em que ali se achava trabalhando. A velha ficou brava, pensando que estava sendo vitima de uma brincadeira de mau gosto. Logo apos alguns dias. o filho e a filha do sr. Okabe também foram atingidos por tomates e pepinos, enquanto lá se achavam trabalhando.

A referida horta de tomates distava da casa da velha paraguaia, tanto quanto da casa do sr. Okabe. Os três pontos formam um triângulo quase eqüilátero com cerca de 400m de lado. Era nessa região que ocorriam os fenômenos do poltergeist. Fora desse triangulo, não se observava nenhum fenômeno paranormal.

A mais ou menos 250m distante da casa do sr. Okabe, havia outra construção onde residia outra família paraguaia. Ali jamais se deram fenômenos semelhantes.

Inúmeros outros fenômenos foram registrados durante a atividade desse poltergeist. Mas ficaremos por aqui devido as naturais limitações de espaço disponível nestas colunas.

Há alguma explicação?

Sim, há explicações, mas não são unânimes, pois nem todas conseguem satisfazer as exigências do bom senso.

A teoria mais em voga, adotada atualmente pelos parapsicólogos considerados ortodoxos, e aceita hodiernamente como a mais correta pela maioria dos especialistas, e aquela que atribuía um agente humano a causa de tais fenômenos. Segundo este ponto de vista, o poltergeist e um fenômeno provocado por vivos e não por seres desencarnados, tais sejam: espíritos de mortos, duendes, demônios ou algo semelhante. Portanto, no poltergeist, apenas o agente humano denominado epicentro e o causador dos distúrbios, ruídos, movimento de objetos ("apports"), vozes humanas, levitações, sumiços de objetos etc.

Vejamos as hipóteses " adhoc " necessárias para apoiar a teoria em questão:

  1. O epicentro provoca os fenômenos inconscientemente. Portanto, mesmo no caso em que o epicentro se sinta apavorado com algumas das ocorrências, ou desejando conscientemente que elas não ocorram (casos preocupantes de parapirogenia, em que há perigo de incêndios catastróficos, ou riscos de vida para pessoas amadas etc.), o inconsciente da "pessoa foco" a contraria de maneira insólita e ate desumana, agindo contra suas crenças, seus sentimentos, seus desejos e mesmo contra seu instinto de conservação ou de defesa de si e de sua prole. Por exemplo: nos temos ocorrências em que o marido do epicentro (uma senhora casada) sofreu vários cortes no rosto, provocados pelo poltergeist. Nesse mesmo caso, houve o episodio de uma garotinha golpeada profundamente na perna. (Andrade, 1988, pp. 147-153).
  2. O epicentro fornece ou desenvolve uma energia psicocinética capaz de atuar sobre os objetos materiais ou controlar forcas como a eletricidade, o calor, o magnetismo, a gravidade etc. e, desse modo, provocar os fenômenos observados nos poltergeists. Vai alem, sendo capaz, inconscientemente, de produzir o "apport", com manifestações de transposição - pelo menos assim parece - da matéria através da matéria.

Mencionamos como exemplo o episodio do jipão Toyota de 2.500 kg, no poltergeist do Paraguai que ora relatamos e que teria sido aportado a distancia de 40 metros em aclive as custas da energia do epicentro. Todavia não se observou nenhuma reação em qualquer das pessoas presentes no local, como deveria ocorrer em virtude do tremendo dispêndio de energia ocorrido nesse fenômeno! Onde estaria o epicentro? Ou, se ele existia entre aquelas pessoas - o que parece lógico -, tal agente psicocinético deveria ter tido alguma reação. Será que o principio universal da conservação da energia pode ser derrogado em um caso desses? Ou, então, o epicentro saberia, inconscientemente, produzir a transformação de matéria em energia? Isto e, obter reação nuclear a frio? E, depois disso, aplicá-la no jipão da forma como ocorreu?

Poderíamos estender-nos muito mais, citando outros fatos muito estranhos observados na nossa coleção de poltergeists, porem pedimos licença para ficarmos por aqui.

Infelizmente, somos obrigados a confessar que, pessoalmente, ainda não conhecemos nenhuma explicação satisfatória para os fenômenos poltergeist.

Conclusão

Por mais atraente e mesmo erudita ou "cientifica" que possa parecer uma hipótese explicativa para os casos de poltergeist, não basta que ela ofereça uma formula infalível para fazê-los cessar. E preciso que ela ensine também como produzi-los a vontade, pois há casos de poltergeist que costumam cessar espontaneamente, tão misteriosamente como começaram a ocorrer.


Referencias bibliográficas

  • AKAKI, Kazunari (1972) - "Pedras, bicicletas e jipe 'voam' no sitio de Katsumi Okabe", Jornal Paulista, 28 de julho de 1972, São Paulo.
  • ANDRADE, H.G. (1988) - Poltergeist, Algumas de Suas Ocorrências no Brasil; São Paulo; Pensamento.

Leituras sugeridas

  • FLAMMARION, Camille (1923) - Les Maisons Hantees; Paris: Editions Jai Lu.
  • GAULD, Alan & CORNELL, A.D. (1979) - Poltergeist; London: Routledge & Kegan Paul.
  • OSIS, Karlis & Mc CORMICK, Donna (1982) - "A Poltergeist Case Without an Identifiable Living Agent" - Journal ASPR, Vol.76, no1, January, 1982.
  • PLAYFAIR, Guy Lyon (1976) - This House is Haunted - An Investigation of the Enfield Poltergeist; London: Souvenir Press.
  • ROLL, Willian G. (1974) - The Poltergeist; New York: New American Library.
  • TIZANE, Emile (1962 e 1977) - L'Hote Inconnu dans le Crime Sans Cause; Paris: 1ª edicao, Omnium Litteraire, 2ª edicao, Tchou.
  • TIZANE, Emile (1977) - Le Mystere des Maisons Hantees; Paris: Tchou.
  • TIZANE, Emile (1980) - Les Agressions de L'Invisible; Monaco: du Rocher.
  • VERGNES, Georges (1980) - Quand le Diable Habitait Seron; Paris: Revue du Tarn.

(Artigo de Karl W.Goldstein; Maio de 1997; São Paulo: Jornal FE, enviado ao GEAE por Ogi Mini)

(Retirado do Boletim GEAE Número 267 de 18 de novembro de 1997)


texto - http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/poltergeist-ainda-um-misterio.html

imagem - cpaevirtual.blogspot.com

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