quarta-feira, 30 de setembro de 2009

DEPRESSÃO, DOENÇA DA ALMA



A depressão é uma doença tão antiga quanto o próprio homem. Nascida nas profundezas da alma, pode-se dizer que a depressão nasceu quando o homem experimentou a dúvida, o medo e o vazio existencial causado pela perda do paraíso. Entre os vários relatos bíblicos de personagens que em algum momento sofreram de depressão, encontraremos em Jô um dos exemplos mais clássicos. No capítulo 3, versículos 20 a 22, podemos ler: “porque se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos; que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura”.
Entre os apóstolos de Jesus, Pedro e Judas experimentaram a depressão em circunstâncias distintas e com repercussões diferentes. Ao longo da história muitos foram aqueles que sofreram com a depressão: Shakespeare, Beethoven, Lincoln, Fernando Pessoa, Virgínia Woof, Hemingway, M.Monroe, Lady Di e outros.
É difícil obter-se números precisos sobre a doença, contudo estima-se que 5% da população mundial seria de pessoas depressivas. A depressão é a quarta doença mais comum entre a população geral segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, sendo duas vezes mais freqüente no sexo feminino. A depressão pode afetar pessoas de todas as faixas etárias e condições sócio-econômicas e culturais, sem distinção de raça ou credo. O suicídio é responsável por 15% das mortes de pessoas deprimidas. Ainda segundo a OMS, a depressão será a segunda moléstia que mais roubará anos de vida da população em 2020. Como ainda não surgiu nenhum tratamento preventivo, estima-se que a cada ano surgirão mais dois milhões de novos deprimidos clínicos por ano no mundo. No Brasil calcula-se que existam 10 milhões de sofredores patológicos.
A depressão é classificada como um transtorno do humor. Para tanto é preciso diferenciar a doença depressão da tristeza. Além dos critérios de sintomas que caracterizam a doença, é necessário que estes subsistam por mais três semanas; a depressão é muito mais profunda e resistente do que a tristeza. O psiquiatra Peter Whybrow, da UCLA, descreve a depressão com uma imagem: “imagine o desconforto de várias noites sem dormir misturado à dor da perda de um ente querido que não acaba nunca. Depressão é isso”.
A depressão é vista como uma doença de múltiplas causas. Em se considerando que a doença depressão é, também, denominada doença da alma, podemos entender que as causas estão diretamente relacionadas com o perfil psico-emocional do indivíduo. A alma, ou o Espírito, é que se apresenta doente. Em termos puramente psicológicos encontramos as raízes da depressão em comportamentos imaturos, no materialismo, nas perdas de qualquer natureza, nos ressentimentos e na culpa.
A imaturidade psicológica pode ser vista nos comportamentos de pessoas que se negam a crescer e a assumir responsabilidades. Tal comportamento foi descrito como sendo uma “Síndrome de Peter Pan”, onde o ser foge para um mundo ilusório a fim de não ter de arcar com as responsabilidades do dia-a-dia. A qualquer momento evita tomar decisões, tomar atitudes ou posturas resolutivas ante os problemas. A imaturidade psicológica reflete um espírito cristalizado em um padrão comportamental infantil, sonhador. Na hora em que as dores e as decepções da vida se anunciam, trazendo o sofrimento, estes indivíduos optam por tentar fugir à responsabilidade, desistindo da luta, passando a viver num mundo de sonhos que, aos poucos, vai se transformando em pesadelos.
O materialismo é um dos grandes males da humanidade. A falta de uma postura idealista e de valores morais e éticos torna o ser humano vazio. Num primeiro momento o homem busca evitar a sensação de vazio lançando-se compulsivamente à conquista de bens materiais. Somos nós, quando nos entregamos a um ritmo de vida ditado pela satisfação dos automatismos de natureza fisiológica, vivendo em função do luxo, do conforto e do prazer pelo prazer. Esquecendo-nos dos ideais que elevam a alma ao Criador ficamos vazios, vazios de amor, vazios de solidariedade, vazios de paz. No poço vazio das nossas almas a depressão verte o seu veneno enchendo os nossos Espíritos de dor e sofrimento.
O apego excessivo às coisas e às pessoas à nossa volta contribui para agravar os sintomas depressivos. Na Gênesis, capítulo 3, versículo 19, lemos que do pó viemos e ao pó retornaremos. Se auscultássemos a palavra divina e dirigíssemos a nossa vida por ela muitas dores poderiam ser evitadas. Mas à medida em que vamos saindo do berço para ocuparmos o nosso lugar na sociedade passamos a cultivar o TER, o desejo de possuir. Este apego ao sentimento de posse, tanto das coisas materiais como das pessoas, será causa das nossas mais terríveis dores. A incapacidade de lidarmos com as perdas que farão parte das nossas vidas pode se constituir num grande fator gerador da depressão.
A culpa e o ressentimento guardados em nossos corações destroem a possibilidade de sermos felizes. Todo sentimento de culpa é lixo inútil que carregamos ao longo da vida e que acaba sufocando a nós próprios e como tal não serve para nada. O ressentimento, além de ser lixo, é ainda mais perigoso do que a culpa, posto que este último é lixo tóxico. Ressentimento significa sentir novamente, ficar recordando. Tudo bem, se nós ficássemos a recordar ou a ressentir coisas boas, coisas alegres. Mas com freqüência esquecemos rapidamente de nossas alegrias para nos dedicarmos a relembrar e a ressentir as nossas dores. Em recordando um fato doloroso eu passo a sentir novamente a mesma dor que vivenciei no passado. O ressentimento, como tóxico que é, corroi nossas almas.
Se vimos as causas da depressão, é preciso que vejamos quais as suas conseqüências. A depressão pode ser extremamente devastadora para o doente e para todos aqueles que convivem com ele.
O depressivo compromete o seu sistema imunológico, tornando-se alvo fácil de outras doenças que, aproveitando a fragilidade do indivíduo, tomarão conta do corpo. A depressão pode ser a porta de entrada para muitas outras doenças físicas como as úlceras gástricas, problemas hepáticos ou intestinais (como por exemplo, a constipação crônica), problemas cardíacos, infecções, doenças degenerativas e até do câncer.
A depressão é uma das principais causas do suicídio, sendo este a mais terrível conseqüência. A Doutrina Espírita nos ensina que o suicídio, ao invés de ser a solução dos problemas que nos afligem, é causa de maiores dores e sofrimentos.
A depressão não fica restrita ao paciente depressivo, ela se estende por todos que compartilham do ambiente doméstico. Sendo assim, a depressão é um fator de desagregação familiar. O comportamento depressivo faz com que o ser se afaste das pessoas, torne-se relaxado com as obrigações em relação ao grupo, afaste-se do trabalho chegando por vezes ao abandono do mesmo o que acarreta novos e maiores problemas para o núcleo familiar.
Como então poderemos nos livrar da depressão? Qual é o tratamento ou tratamentos de que dispomos para nos livrarmos desse mal?
Os tratamentos para depressão são tão variados como as causas das doenças. É preciso que em primeiro lugar queiramos nos curar. Para tanto teremos que reconhecer e admitirmos que estamos doentes e que precisamos de ajuda. Esta tomada de consciência da nossa própria condição como doentes é o primeiro tratamento ao nosso alcance. Quando nos conscientizamos da nossa verdadeira condição criamos em nossos Espíritos as condições de cura. Renova-se a vontade de viver e a disposição para renovarmos atitudes e emoções. Passamos a redecorar a nossa casa interior, jogando fora os móveis velhos e adquirindo móveis novos.
O desejo de nos curarmos vai nos levar a buscar a medicina. Dentro dos seus limites e da sua capacidade, a medicina pode nos ajudar através de medicamentos que diminuem os sintomas. Mas remédio nenhum pode tocar nosso Espírito. Necessário se faz que busquemos o auxílio psicológico. Será somente através de nossa reforma íntima que poderemos alcançar a cura da depressão.
Comecemos por nos tornarmos emocionalmente maduros. Assumindo o compromisso de superar as emoções infantis, passando a termos o controle da nossa vida. Surgindo os problemas vamos encara-los de frente examinando-os com serenidade e lucidez, objetivando encontrar soluções possíveis e realistas frente às nossas possibilidades. O exercício da nossa maturidade emocional nos tornará fortes e seguros, confiantes e serenos.
Ao conquistarmos a nossa maturidade emocional, vamos precisar de novas metas na vida. É a hora de voltarmos os olhos para dentro de nós mesmos, buscando sentir os anseios mais nobres e elevados que dormem em nossas almas. Vamos em busca da nossa realização interior conquistando valores morais e éticos. Esta é a hora de nos voltarmos para o sentimento religioso e de retomarmos o diálogo com o Pai Criador.
Maduros e em comunhão com o Pai, vamos entender que as únicas coisas que realmente nos pertencem são os tesouros da alma. Seguindo as palavras de Jesus narradas por Mateus, cap. 6, vv. 19-21, não percamos tempo juntando tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões roubam. Busquemos SER e não TER. Desta maneira as perdas dos bens materiais e dos status social não nos afligirão, pois são riquezas que vieram da terra e a ela pertencem. A comunhão com o Pai vai nos fazer compreender que o Espírito é imortal e que o ente querido perdido será reencontrado em breve. Para aqueles que amam verdadeiramente não existe separação.
Agora, mais fortalecidos e renovados é o momento de nos livrarmos daqueles lixos velhos que pesam em nossas almas. Vamos passar a limpo os sentimentos de rancor, de mágoas e as culpas. Através do esquecimento vamos nos livrar dos ressentimentos, voltando a nossa atenção para o futuro e para todo o bem e felicidade que podemos construir em nossas vidas a partir de hoje, de agora. Livres de ressentir as dores velhas estamos prontos para o perdão que será como bálsamo divino a derramar-nos o coração e nos acalentando. Livre das culpas, aprenderemos a ver os erros que cometemos no passado como um ensinamento doloroso. Vamos aprender, então, que o erro foi formar mais útil e fácil ao nosso alcance para aprendermos como não devíamos fazer alguma coisa. Agora que aprendemos como não fazer, lancemo-nos novamente ao trabalho e à vida fazendo a coisa de maneira certa.
Mas, o melhor tratamento para a depressão é o conjunto de ensinos trazidos por Jesus. A mensagem evangélica que Jesus nos trouxe e que foi legada à humanidade pelos escritos que constituem o novo Evangelho é o mais poderoso e eficaz remédio para a cura da depressão. Através do perdão, do trabalho produtivo em benefício do próximo, da solidariedade e do amor poderemos alcançar a cura, não apenas da depressão, mas de todos os nossos males.

David Monducci
(extraído do jornal “O Semeador” de set/2000)

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domingo, 27 de setembro de 2009

NECESSIDADE DE ESTUDO DE KARDEC PARA DISCERNIMENTO DOUTRINÁRIO




Autor: J. Herculano Pires

Há muitas confusões, feitas intencionalmente ou não, entre o Espiritismo e numerosas formas de crendice popular, inclusive as formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, hoje largamente difundidas. adversários da doutrina espírita costumam fazer intencionalmente essas confusões, com o fim de afastar do Espiritismo as pessoas cultas. Por outro lado, alguns espíritas mal-orientados, que não conhecem a própria doutrina, colaboram nesse trabalho de confusão, admitindo como doutrinárias as mais estranhas manifestações mediúnicas e as mais evidentes mistificações.

Alguns leitores se mostram justamente alarmados com a larga aceitação que vem tendo, em certos meios doutrinários, práticas de Umbanda e comunicações de Ramatis. E nos escrevem a respeito, pedindo uma palavra nossa sobre esses assuntos. Na verdade, já escreve­mos numerosas crônicas tratando da necessidade de vigilância nos meios espíritas, de maior e mais seguro conhecimento dos nossos princípios, e apontando os perigos decorrentes do entusiasmo fácil, da aceitação apressada de certas inovações. Mas, para atender às solicitações, voltaremos hoje ao assunto.

Kardec dizia, com muita razão, que os adeptos demasiado entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários. Porque estes, com­batendo o que não conhecem, evidenciam a própria fraqueza e contribuem para o esclarecimento do povo, enquanto os adeptos de entusiasmo fácil comprometem a causa. O que estamos vendo hoje, no meio espírita brasileiro, não é mais do que a confirmação dessa assertiva do codificador. Espíritas demasiado entusiastas estão sempre prontos a receber qualquer “nova revelação” que lhes seja oferecida, e a divulgá-la sofregadamente, como verdades incontestáveis. Que diferença entre o equilíbrio e a ponderação de Kardec e essa afoiteza inútil e prejudicial!

No tocante à Umbanda, já dissemos aqui, numerosas vezes, que se trata de uma forma de sincretismo religioso, ou seja, de mistura de religiões e cultos, com a qual o Espiritismo nada tem a ver. As formas de sincretismo religioso são, praticamente, as nebulosas sociais de que nascem as novas religiões. A Umbanda já superou a fase inicial de nebulosa, estando agora em plena fase de condensação. E por isso que ela se difunde com mais intensidade. Já se pode dizer que é uma nova religião, formada com elementos das crenças africanas e indígenas, misturados a crenças e formas de culto do catolicismo e do islamismo em franco desenvolvimento entre nós. O Espiritismo não participou da sua formação, embora os nossos sociólogos, em geral, exatamente por desconhecerem o Espiritismo, digam o contrário, pois confundem o mediunismo primitivo, de origem africana e indígena, com os princípios de uma doutrina moderna. Nós, espíritas, devemos respeitar na Umbanda uma religião nascente, mas não pode­mos admitir confusões entre as suas práticas sincréticas e as práticas espíritas.

Quanto às mensagens de Ramatis, também já tive­mos ocasião de declarar que se trata de mensagens mediúnicas a serem examinadas. De nossa parte, consideramo-las como mensagens confusas, dogmáticas, vaza­das na linguagem típica dos espíritos pseudo-sábios, a que Kardec se refere na escala espírita de O Livro dos Espíritos. Cheias de afirmações absurdas, e até mesmo contraditórias, essas mensagens revelam uma fonte que devia ser encarada com menos entusiasmo e com mais cautela pelos espíritas. Em geral, nossos confrades se entusiasmam com “as novas revelações” aparentemente contidas nas mesmas, esquecendo-se de passá-las, como aconselhava Kardec, pelo crivo da razão.

O que temos de aconselhar a todos, pelo menos a todos os que nos consultam a respeito, é mais leitura e mais estudo de Kardec, e menos atenção a espíritos que tudo sabem e a tudo respondem com tanta facilidade, usando sempre uma linguagem envolvente, em que nem todos sabem dividir a verdade do erro. “O Espiritismo”, dizia Cairbar Schutel, “é uma questão de bom-senso”. Procuremos andar de maneira sensata, na aceitação de mensagens mediúnicas.


Extraído do livro: O Mistério do Bem e do Mal



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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O REMORSO

Muitas pessoas imaginam que não há grandes diferenças entre o remorso e o arrependimento. No livro Aborto à Luz do Espiritismo, Eliseu Florentino da Mota Jr., escreve que “dentre as causas determinantes das anomalias psíquicas, é indubitável que o remorso assume especial relevância, porquanto, ao contrário do arrependimento, que é o primeiro passo para a reabilitação diante de um erro cometido, ele determina o surgimento do complexo de culpa, levando a pessoa que eventualmente tenha errado a crises nervosas, chegando mesmo à loucura”.

Dessa forma, podemos entender claramente essa diferença, deixando para reflexão o quanto o remorso é prejudicial para o indivíduo.

Recentemente duas pessoas queridas de minha convivência estavam brigadas.Eu sabia do amor de uma pela outra, porém o orgulho fazia com que a reconciliação fosse evitada. Uma noite, falei para uma das partes que seu desafeto estava doente, e que ela imaginasse como se sentiria caso a outra pessoa morresse. Minutos depois, essa pessoa pegou o telefone e houve a reconciliação. Neste caso correu tudo bem, mas quantas vezes deixamos de ouvir a voz do coração para ouvir somente a do orgulho ferido ou da vaidade?

O tempo de que dispomos em uma existência não é eterno e amanhã pode ser muito tarde para tentarmos corrigir as faltas cometidas. Devemos ter em mente que o momento de agir é agora e que quanto mais tarde acordarmos para a necessidade do perdão, mais comprometidos com a Lei divina estaremos no futuro. Vitor Ronaldo Costa, em seu livro Gerenciando as Emoções, explica que “se alguém alimenta um sentimento de culpa, em decorrência de um mal cometido intencionalmente, o bom-senso recomenda que se busque a solução do impasse na prática inadiável de uma atitude enobrecida. A anulação do remorso sugere a tomada de duas providências essenciais: o cultivo da humildade e o pedido de perdão”.

No livro O Céu e o Inferno, capítulo VI, intitulado “Criminosos Arrependidos”, Allan Kardec descreve o contato feito com um jovem padre de nome Verger que havia assassinado em 3 de janeiro de 1857, Monsenhor Sibour, arcebispo de Paris, quando saia da Igreja de Saint-Étienne-du-Mont. Verger foi condenado à morte e em 30 de janeiro executado. Em nenhum momento mostrou-se arrependido do seu crime. Ele foi evocado no mesmo dia de sua execução e três dias depois. Nestes contatos, quando Verger foi indagado “Qual a vossa punição?”, ele respondeu: “sou punido por que tenho consciência da minha falta, e para ela peço perdão a Deus; sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus, sabendo agora que não devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou punido pelo remorso de haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho errado, sem ouvir o grito da própria consciência que me dizia não ser pelo assassínio que alcançaria o meu desiderato. Deixei-me dominar pela inveja e pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois o homem deve esforçar-se sempre por dominar as más paixões – o que, aliás, não fiz”.

Quando tiramos a vida de alguém estamos retardando nossa evolução e a do outro, se ele não souber perdoar. Além do mais, é muito triste chegar ao Mundo Espiritual e sentir na consciência a dor e a vergonha de saber que mais uma oportunidade de crescimento foi perdida.

Apesar de tudo, de tantas e tantas quedas, Deus nos dá a oportunidade de reparação dos erros cometidos através das vidas sucessivas, porque Ele espera de nós, pacientemente, que aprendamos a colocar em prática os ensinamentos morais de Jesus. Esses ensinamentos se iniciam no lar, no seio da família, onde existem personalidades diversas, entendimentos diversos para um mesmo assunto, espíritos comprometidos com a lei de amor que solicitaram na espiritualidade a chance de reconciliação e reparação de faltas no aprendizado do perdão. Por fim, aprendemos a duras penas que todo ato indigno de nossa parte contra nossos irmãos termina sendo prejudicial a nós mesmos.

André Luiz no livro Nosso Lar, descreve as palavras de consolo do benfeitor Clarêncio: “Aproveita os tesouros do arrependimento, guarda a bênção do remorso, embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas”.

Elizeu Florentino cita em seu livro que uma pessoa que cometeu aborto, por exemplo, e está profundamente arrependida desse ato, pode ser levada, pelo arrependimento, à ação benéfica de trabalhos beneficentes em prol de crianças carentes e até mesmo à adoção, o que faz com que melhore sua auto-estima e sua situação junto à Lei divina, enquanto que o remorso, sem levar a criatura a agir, acaba por criar nela anomalias psíquicas graves.

Dias atrás, recebi um e-mail que conta a história de uma senhora de 87 anos, chamada Rose. Em determinado momento, ela comenta o mal que faz o remorso. Sua história é uma lição de vida tão maravilhosa, que resolvi reproduzi-la, para que possamos aproveitar seus ensinamentos:

“No primeiro dia de aula nosso professor se apresentou aos alunos e nos desafiou a que nos apresentássemos a alguém. Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou meu ombro. Olhei para trás e vi uma pequena senhora, velhinha e enrugada, sorrindo radiante para mim. Um sorriso lindo que iluminava todo o seu ser. Ela disse: “Hei, bonitão. Meu nome é Rose. Eu tenho oitenta e sete anos de idade. Posso te dar um abraço?” Eu ri e respondi entusiasticamente: “É claro que pode!”, e ela me deu um gigantesco apertão. Não resisti e perguntei-lhe: “Por que você está na faculdade em tão tenra e inocente idade?”, e ela respondeu brincalhona: “Estou aqui para encontrar um marido rico, casar, ter um casal de filhos, e então me aposentar e viajar”. “Está brincando”, eu disse. Eu estava curioso em saber o que havia a motivado a entrar neste desafio com a sua idade, e ela disse: “Eu sempre sonhei em ter um estudo universitário, e agora estou tendo um!”. Após a aula nós caminhamos para o prédio da união dos estudantes, e dividimos um milkshake de chocolate. Nos tornamos amigos instantaneamente. Todos os dias nos próximos três anos nós teríamos aula juntos e falaríamos sem parar. Eu ficava sempre extasiado ouvindo aquela “máquina do tempo” compartilhar sua experiência e sabedoria comigo. No decurso de um ano, Rose tornou-se um ícone no campus universitário, e fazia amigos facilmente, onde quer que fosse. Adorava vestir-se bem, e revelava-se na atenção que lhe davam os outros estudantes. Estava curtindo a vida! No fim do semestre nós convidamos Rose para falar no nosso banquete de futebol. Jamais esquecerei o que ela nos ensinou. Rose foi apresentada e se aproximou do podium. Quando ela começou a ler a sua fala, já preparada, deixou cair três, das cinco folhas no chão. Frustrada e um pouco embaraçada, ela pegou o microfone e disse simplesmente: “Desculpem-me, eu estou tão nervosa! Eu não conseguirei colocar meus papéis em ordem de novo, então me deixem apenas falar para vocês sobre aquilo que eu sei”. Enquanto nós ríamos, ela limpou sua garganta e começou: ‘Nós não paramos de jogar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de jogar. Existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguir sucesso. Primeiro você precisa rir e encontrar humor em cada dia. Segundo você precisa ter um sonho. Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Terceiro há uma enorme diferença entre envelhecer e crescer. Se você tem dezenove anos de idade e ficar deitado na cama por um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com vinte anos. Se eu tenho oitenta e sete anos e ficar na cama por um ano e não fizer coisa alguma, eu ficarei com oitenta e oito anos. Qualquer um, mais cedo ou mais tarde ficará mais velho. Isso não exige talento nem habilidade, é uma conseqüência natural da vida. A idéia é crescer através das oportunidades.

E por último não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem por aquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer. As únicas pessoas que têm medo da morte são aquelas que têm remorso’. Ela concluiu seu discurso cantando corajosamente “A Rosa”. Desafiou a cada um de nós a estudar poesia e vivê-la em nossa vida diária. No fim do ano Rose terminou o último ano da faculdade que começara há tantos anos atrás. Uma semana depois da formatura, Rose morreu tranqüilamente em seu sono. Mais de dois mil alunos da faculdade foram ao seu funeral, em tributo à maravilhosa mulher que ensinou, por meio de seu exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que você pode provavelmente ser, se realmente desejar.

Estas palavras têm sido divulgadas por amor, em memória de “Rose”. Uma grande mulher. Na verdade um grande ser humano. Lembre-se: Envelhecer é inevitável, mas crescer é opcional!”


Marco Tulio Michalik




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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

OMISSÃO DE DEUS?



O desconhecimento da Justiça Divina induz a pronunciamentos equivocados

1- O Papa Bento XVI, ao visitar o tragicamente famoso campo de concentração de Auschwitz, exclamou, entre outras coisas, o seguinte: "Onde estava Deus naqueles dias? Por que não se manifestou? Como pôde admitir essa matança sem limites, esse triunfo do mal"?

Tais indagações revelam, a um primeiro exame, que o ocupante do hipotético trono de São Pedro permanece, no que diz respeito a Deus, jungido ao "antropomorfismo divino", causa determinante da decretação de Sua morte pelo seu conterrâneo e precursor do nazismo, Friedrich Nietzsche.

Essa maneira de pensar é típica dos que cultivam posturas extremamente radicais e conservadoras, a exemplo do atual papa, um dos mais proeminentes teólogos da ortodoxia católica. Não se trata, por outro lado, de atitude exclusiva dos elementos mais conservadores da Igreja de Roma. As mesmas indagações foram feitas pelo teólogo protestante Erwin Lutzer1 , ao indagar, estarrecido, quando de uma visita ao mesmo campo de extermínio:

"Como Deus pôde permitir tanta crueldade?". "Onde estava a Igreja de Cristo quando seis milhões de judeus foram mortos por ordem de Hitler?"

Tanto o papa como o referido autor deixam subjacentes nos seus questionamentos uma interpretação absolutamente literal do que se acha escrito em Gn., 1 :26: "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança", que os homens, incluindo-se aí os responsáveis pelas igrejas cristãs, deturparam, com a substituição do sujeito da frase que passou a ser: "E disse o homem: Façamos Deus à nossa imagem, conforme nossa semelhança".

Era a figura do antropomórfico Deus bíblico, portador em grau superlativo de todos os defeitos, falhas e vicissitudes humanas, herdada da cultura judaico-cristã ..

2. Sob tal enfoque, jamais aceito pelo Cristianismo de Jesus - que difere fundamental e ontologicamente do Cristianismo dos homens - nada há de estranhável ou surpreendente nas indagações de Bento XVI e do membro da igreja reformada. Elas funcionam como autênticas caixas de ressonância dos costumeiros favores divinos concedidos a alguns privilegiados, ou dos castigos terríveis decorrentes da ira de Deus, e que Cairbar Schutel2 reduziu à sua verdadeira insignificância ao dizer que "Deus não se presta a ficar, de chinelo na mão, a dar chineladas em nossos traseiros por causa de nossos erros".

O Deus caprichoso, voluntarioso, prepotente, vingativo e rancoroso, inatingível e distante e, ao mesmo tempo e paradoxalmente, tão perto do homem que o castiga pela menor falta cometida, ainda encontra abrigo em inúmeros segmentos do Cristianismo, que o adoram por obrigação e o temem por interesse e conveniência! Entre eles, muitos explicam e justificam as atrocidades cometidas nos campos de extermínio, principalmente as referentes à solução final, que acarretou, só em Auschwitz, a morte de quase um milhão de judeus, como mero extravasamento da cólera divina, uma vez que foram eles, os judeus, os responsáveis pela morte de Cristo. Tal idéia foi longamente cultivada pela Igreja, conforme dá conta David L Kertzer3 , tanto que somente por ocasião do Concílio Vaticano II é que foi excluída da liturgia da sexta-feira da paixão a oração pelos "nossos pérfidos irmãos judeus".

3. Como figura de destaque do Vaticano, responsável, durante o pontificado de João Paulo II, pela Congregação para a Doutrina da Fé nome moderno da Inquisição - o atual Papa conhece melhor do que ninguém a posição de ostensiva hostilidade que Roma sempre dedicou aos judeus. É notória a, no mínimo condenável, omissão de Pio XII diante do genocídio contra esse povo, retratada, fria e imparcialmente, pelo historiador e jornalista católico John Cornwe1l4. A Igreja nem sequer pode alegar em sua defesa o desconhecimento do que, na época, se passava na Europa. A respeito, Michael R. Marrus5 informa que: 'Quando os assassinatos em massa começaram, o Vaticano mantinha-se muito bem informado por intermédio de seus próprios canais diplomáticos e por um grande número de outros contatos. Os funcionários da Igreja podem ter sido os primeiros a enviar à Santa Sé relatórios sinistros, acerca do significado dos trens de deportados em 1942, e continuaram a receber informações mais minuciosas sobre o assassinato em massa no leste europeu. Porém, apesar de numerosos apelos, o papa recusou-se a denunciar explicitamente o assassinato de judeus ou a conclamar de forma direta os nazistas para interromperem a matança. Pio XII sustentou com determinação sua postura de neutralidade e recusou-se a associar-se a declarações contra os crimes de guerra nazistas".

É incontestável que o holocausto não foi obra isolada de um grupo de obsediados, mas a somatória de inúmeros fatores que se desenvolveram no curso dos dois milênios do Cristianismo, marcados, de forma determinante, pelo radicalismo da igreja, conforme o magistério de Gerald Messadié6, em livro recentemente editado no Brasil

A questão, sob esse particular as¬pecto, pode ser encerrada em face das considerações de Debórah Dwork e Robert Jan van Pelt7, a saber: "Os Exércitos não são, tipicamente. agentes de civilização. No mundo ocidental, as Igrejas - Católica e Protestante - exercem esse papel. São aí instituições encarregadas de transmitir os valores tradicionais ao futuro. Têm apenas um trabalho: ser a consciência pública, a voz da moralidade, as defensoras da justiça, a face da humanidade. Em todas essas tarefas, as Igrejas fracassaram absoluta e abissalmente durante os anos do nazismo. Não falaram em favor dos judeus. Nem lembraram aos cristão, que era imoral e eticamente errado roubar os judeus por meio da "arianização", marcar, segregar, deportar matar. As Igrejas, em suma, fizeram um silêncio ensurdecedor".

4. O holocausto, aos olhos do Espiritismo, jamais poderia ser visto nem como castigo divino, nem com resultado da omissão ou da ausência de Deus, que não podem servir d explicação para os genocídios perpetrados pelos nazistas, não só em Auschwitz, como nos inúmeros outros campos de concentração espalhados pela Europa.

Existe, não obstante, uma explicação doutrinária para acontecimentos semelhantes. É de ver-se que salvo melhor e mais abalizado juízo ocorreu, na hipótese, mais um resgate ou provação coletiva dos que periodicamente, alcançam grupos de espíritos afins, que reencarnam como membros do povo judeu. Isso não implica, contudo, que tais espíritos sejam sempre os mesmos que sofreram os cativeiros no Egito e na Babilônia, que foram massacrados por Tito na tomada de Jerusalém no ano 70, que sucumbiram no cerco ( Massada, ou foram vítimas das Cruzadas ou da Inquisição na Espanha ou Portugal, tendo em vista a reencarnação e a lei de causa e efeito Algozes de ontem, vítimas de hoje tais espíritos vêm sendo, no decurso dos milênios, sucessivamente substituídos na verdadeira "operação resgate", que significa fazer parte desse povo.

De mais a mais, o Velho Testamento é uma verdadeira coletânea de massacres cometidos pelos israelitas contra seus inimigos, contando, invariavelmente com o beneplácito e até com a colaboração de Javé, fato enaltecido como sua especial demonstração de apreço e de predileção para com o povo de Israel. Não há, contudo, justificativa para a conduta dos nazistas em relação aos judeus. A eles não competia a execução do seu carma coletivo, porquanto a Justiça Divina dispõe de mecanismos próprios para a consecução de seus fins, prescindindo de toda e qualquer ação humana que vise a substituí-los.

5. Por outro lado, deve ser levado em conta que os grandes responsáveis por semelhantes acontecimentos eram homens dotados de livre arbítrio, e que escolheram seus caminhos, livre e espontaneamente. Embora nada aconteça que não seja por vontade de Deus, Ele não interfere na liberdade de ação de seus filhos, dando-lhes autonomia para assumir as conseqüências, boas ou más, dessas ações. O que se poderia alegar, quando muito, era a inquestionável obsessão de que eram portadores, principalmente Hitler, que em seus devaneios alucinatórios de poder julgava ser a reencarnação de Tibério. Também não escapava da ação maléfica dos obsessores o encarregado de levar a termo a solução final, Heinrich Himmler, que além disso e, talvez por causa disso, era o comandante das tétricas e fantasmagóricas Schutz Staffel, as SS. A grande maioria inclusive acreditava piamente na decantada superioridade ariana, julgava que os judeus eram os grandes culpados por todos os males do mundo e que a sua eliminação traria grandes benefícios para a humanidade. As igrejas, católica e protestante, também participavam desse ponto de vista. O citado Erwin Lutzer informa que o altar da Catedral de Magdeburgo foi, desde 1933, cercado por flâmulas com suásticas, enquanto que o pastor Siegrified Leffer declarava do púlpito de sua igreja: "Na absoluta escuridão da história da igreja, Hitler se tomou, por assim dizer, maravilhosa transparência de nossa época, a janela de nossa era pela qual a luz incide sobre a história do cristianismo"8.

Em vista disso, é forçoso reconhecer que Auschwitz, Birkenau, Treblinka, Mai:danek, Sobibôr, Dachau e tantos outros tenebrosos campos de concentração erguidos pelos nazistas não passam de meras ações humanas, da mesma forma que não passaram de condenáveis ações dos homens as guerras santas, as Cruzadas, a Inquisição, a Noite de São Bartolomeu, a intolerância religiosa na Irlanda, ou o interminável conflito no Oriente Médio que, coincidentemente, tem como principal protagonista o mesmo povo de Israel.

Deus nada tem a ver com isto!

José Carlos Monteiro de Moura


BIBLIOGRAFIA

1 - A CRUZ DE HITLER, Editora Vida, São Paulo, 2001.

2 - DEUS CASTIGA? CAIRBAR SCHUTEL RESPONDE, LAKE, São Paulo, 1974.

3 - O VATICANO E OS JUDEUS. OS PAPAS E A ASCENÇÃO DO ANTI-SEMITISMO MODERNO, Ed. Rocco, Rio, 2003.

4 - O PAPA DE HITLER, Imago Editora, Rio, 2000.

5 - A ASSUSTADORA HISTÓRIA DO HOLOCAUSTO, Ediouro, Rio, 2003.

6 - HISTÓRIA GERAL DO ANTISEMITISMO, Ed Bertrand, Rio, 2003.

7 - HOLOCAUSTO, UMA HISTÓRIA. Imago Editora, Rio, 2004.

8 - Op. cit. .p.126

Nota: o autor é aposentado e dedica-se atualmente à divulgação espírita. Vincula-se ao Centro Espírita Francisco de Assis, em Belo Horizonte-MG.


Revista Internacional de Espiritismo - Outubro de 2006


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terça-feira, 22 de setembro de 2009

INSTINTO


Freud (Sigmund Freud) argumentava que o princípio do prazer, na verdade, exprimia impulsos primitivos, animais. Para seus contemporâneos vitorianos, a idéia de que o comportamento humano fosse no fundo governado por compulsões sem nenhum propósito mais nobre que a auto-realização carnal era simplesmente escandalosa. O escândalo se atenuou nas décadas seguintes, mas o conceito freudiano do homem como animal foi mantido em segundo plano pelos cientistas cognitivos. Agora ele está de volta. Neurocientistas como Donald W Pfaff, da Universidade Rockefeller, e Jaak Panksepp, da Universidade Estadual de Bowling Green, acreditam hoje que os mecanismos instintivos que regem a motivação humana são ainda mais primitivos do que imaginava Freud. Nossos sistemas básicos de controle emocional são iguais aos de nossos parentes primatas e aos de todos os mamíferos. No nível profundo da organização mental que Freud chamou de ID, a anatomia e a química funcionais de nosso cérebro não são muito diferentes daquelas dos animais que vivem nos currais ou dos bichos de estimação.

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles, é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio, por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades. Os instintos são automatismos estereotipados e inatos que têm em geral um fim útil para o individuo e a espécie.

Quando os cultores da psicologia profunda falam em instinto, devemos entender não o comportamento automático, mas o correspondente anímico cujo aspecto externo, motor, pode inclusive estar inibido. O Instinto vem [do latim instinctu] –Tendência natural; aptidão inata, força de origem biológica, própria do homem e dos animais superiores, que atua de modo inconsciente, espontâneo, automático, independente de aprendizado. Espécie de inteligência rudimentar que dirige os seres vivos em suas ações, à revelia de sua vontade e no interesse de sua conservação.

O instinto torna-se inteligência instinto, age-se sem raciocinar; pela inteligência, raciocina-se antes de agir. No homem, confundem-se freqüentemente as idéias instintivas com as idéias intuitivas. Estas últimas são as que ele hauriu, quer no estado de desdobramento, quer nas existências anteriores e das quais ele conserva uma vaga lembrança. O instinto não é independente da inteligência. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades. O instinto e a inteligência muitas vezes se confundem, mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.

O instinto existe sempre, independente da intelectualidade, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia. O instinto seria sempre infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.”A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências”. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada".(Albert Einstein de Max Wulfant (1879-1955). (SCIENTIFIC AMERICAN Brasil - ANO 3 - N°25 - Junho/2004). A Humanidade progride.

Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência. Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada.

Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça. Instinto e razão mais não são do que duas fases de consciência, o instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos de evolução. O instinto sexual atrai as criaturas, faz a fusão do magnetismo entre o homem e a mulher, mas o relacionamento das pessoas corre por conta do sentimento de cada um e não simplesmente pela energia sexual, pois esta energia é neutra. É neste momento que surgem as dificuldades de entendimento e união, pois a normalidade do desempenho sexual, entre os cônjuges, Poe si só, não solucionará os problemas de relacionamento.

O instinto sexual é força poderosa de atração, unindo corpos físicos, criando as experiências afetivas e fazendo os destinos entre as criaturas, dirigindo-as paras as conquistas dos objetivos da Lei Suprema: O Amor, a Felicidade e a Harmonia. Ressalte-se que: O sexo não é patrimônio exclusivo da humanidade terrestre, é tesouro divino em todos os mundos, no Universo Infinito, e permanece nas mãos das criaturas humanas, que ainda estão muito distantes da compreensão e vivência das Leis Divinas , num quadro triste de ignorância , perversão e desequilíbrio. Quando o Espírito conquistou a razão, acordando para Vida Universal, já possuía por conquista própria um manancial enorme de forças sexuais advindas de experiências infinitamente recapituladas nos reinos inferiores da natureza. Com a era da razão, o Espírito alcançou o direito de livre-arbítrio e conseqüentemente da responsabilidade em seus atos. Não se formam espontaneamente homens, como na origem dos tempos, porque o princípio das coisas está nos segredos de Deus.

Entretanto, pode dizer-se que os homens, uma vez espalhados pela Terra, absorvem em si mesmos os elementos necessários à sua própria formação, para os transmitir segundo as leis da reprodução. O mesmo se deu com as diferentes espécies de seres vivos. Este caso não é freqüente, e seria antes uma exceção. A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores. Essa, entretanto, não é uma regra absoluta e poderia acontecer que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Em 1998, um estudante da Universidade de Évora, procurando exemplares de arte rupestre no Vale do Lapedo, em Portugal, forneceu pistas que levaram à descoberta de restos de uma criança, com idade estimada entre dois mil e três mil anos, que foi identificada, mais tarde, como portadora de características típicas de Homo sapiens e Neanderthal.

A identificação provocou uma controvérsia entre antropólogos. Para muitos, Homo sapiens e Neanderthal não teriam se reproduzido entre si. Para os autores da identificação, o português João Zilhão, da Universidade de Lisboa, ele coordenou o trabalho da equipe internacional de 30 especialistas que resultou na publicação da monografia, batizada com o título inglês Portrait of the Artist as a Child ("retrato do artista quando criança"), com a colaboração do norte-americano Erick Trinkaus, da Washington University, não há mais o que discutir, ao deixar a África e colonizar a Europa, a humanidade moderna não exterminou os antigos habitantes do continente, como se pensava e, ao contrário disso, misturou-se a eles. A resposta dos meios de comunicação e do público não poderia ter sido mais avassaladora. Revistas populares saíram-se com ilustrações mostrando como seria o filho de um sapiens do sexo feminino, alta e negra com um neanderthal louro e troncudo (tudo errado, lógico, já que o menino do Lapedo certamente não era um mestiço de primeira geração. Revista SCIENTIFIC AMERICAN - Brasil - ANO 1 - N° 11/Abril de 2003).

Não se poderia negar que, além de possuírem o instinto, alguns animais praticam atos combinados, que denunciam vontade de operar em determinado sentido e de acordo com as circunstâncias. Há, pois, neles, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício quase que se circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem às suas necessidades físicas e de proverem à conservação própria. A imitação da voz humana, por alguns animais, origina-se de uma particular conformação dos órgãos vocais, reforçada pelo instinto de imitação. Conquanto não tenha alma animal, que, por suas paixões, o nivele aos animais, o homem tem o corpo que, às vezes, o rebaixa até ao nível deles, por isso que o corpo é um ser dotado de vitalidade e de instinto, porém ininteligentes estes e restritos ao cuidado que a sua conservação requer. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos. A sobreexcitação dos instintos materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais. Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada. Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo.

Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça. Todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência. A Humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal.


Antonio Paiva Rodrigues
(Estudante de jornalismo, membro da ACI e gestor de empresas)

endereço: http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2042.html
imagem:
cirac.org

sábado, 19 de setembro de 2009

BUSCANDO COMPREENDER A ENERGIA SEXUAL


Os amigos espirituais utilizam das leis da física para “energias” no intuito de nos ajudar na compreensão da energia sexual:

“Se é energia, ela têm origem. Têm características particulares, dependendo do nível de manifestação. Ela vibra, e de forma lenta se coagula, e pode num estado de grande lentificação se materializar. Conforme o seu potencial, ela pode viver um processo de transmutação intenso, como na explosão atômica, onde, além da mudança de nível, há uma irradiação muito grande no conteúdo energético, que se bem aproveitado pode ter produção adequada. Ainda, se prende às leis. Pode gerar força, potência e trabalho. Transmuta de níveis, ora age seguindo parâmetros de partículas, ora atua no sentido de onda, dessa forma ela pode ter um direcionamento unificado, como também e simultaneamente pode existir um expansionamento difuso.” ¹

Qual a origem? - “a energia do sexo... é energia primária de Deus, porque em Deus o sexo significa amor”³ É inerente à criatura, pertence à natureza, é natural.

Potencialidade – “... trata-se de energia de profundidade máxima do Espírito a se manifestar na periferia na busca da felicidade pelo prazer genital. Essa energia atinge todo o ser, participa de todos os mecanismos energéticos bioquímicos celulares de todos os corpos.”³

Função – “essa energia é possuidora de carga erótica, o que determina não só uma utilização em sentido próprio, mas com função de expansão dos relacionamentos, cuja finalidade maior é o aprendizado e o exercício do amor na sua forma mais sublime.” ³

Qual o sentido? ¹/²

*A energia sexual, que nos direciona na busca do outro.

*Instiga-nos a necessidade de nos buscar.

*É o autoconhecimento através do outro.

*E à medida que nos buscamos nos integramos. Vamos sendo pessoas mais inteiras.

* “O mundo é um salão de espelhos”

Por aí entendemos nossas simpatias e antipatias. Existem aquelas facetas já bem trabalhadas: com estas nos simpatizamos, e aquelas outras que não conseguimos tomar contato, então nos afastamos e vamos precisar de mais tempo para retomá-las.

*Nas relações afetivas temos o espelho mais próximo, o que muitas vezes dificulta a convivência. Exige-nos ponderação, flexibilidade, objetivo e vontade.

*Rejeitamos-nos muitas facetas, conseqüentemente estamos muito fechados para o auto - amor e automaticamente tememos o amor do outro; embora creiamos que, o que mais desejamos é amar.

*A experiência sexual marca profundamente a criatura. É um poder propulsor e mesmo mal utilizado levará a criatura a ansiar novamente pela busca, assim cumpre a sua função de nos aproximar.

* À medida que a criatura evolui, passa a necessitar por relações de melhor qualidade, e se, se negar isto, adoecerá.

*Existem criaturas que por experiências infelizes ou por abusado desrespeito no uso da energia sexual em vidas anteriores, escolheram ser mais cuidadosas neste momento. No entanto “muitas vezes criam um muro de medo e orgulho tão maciço em torno de sua alma que evitam totalmente esta parte da experiência de sua vida e assim cerceiam se próprio desenvolvimento.” ²

Estas se encontram paralisadas pela culpa e necessitam buscar ajuda para se libertarem.

Como utiliza a energia sexual?²

1-Egoisticamente – a criatura só visa o seu prazer, o outro e buscado como objeto. Não existe espaço para o dialogo afetivo. O que não significa que o anseio pela reciprocidade não exista.

2-Reciprocamente _ vamos identificar as seguintes variações:

a- Abafamento expresso numa anulação total, na qual as criaturas passam uma encarnação inteira sem se darem conta de que falta algo em suas vidas.

b- Estão dispostas a se abrir, mas, sentem medo quando existe uma oportunidade real de reciprocidade, nesse caso todos os parceiros que aparecem “tem defeitos” e são descartados.

c- Nesse estagio, a criatura vive períodos de reciprocidade, com satisfações temporárias intensas, intercaladas com período de isolamento.

d- A relação e embasada no desejo mutuo de crescimento. As oscilações são absorvidas pelo casal de forma consciente. Os atritos acontecem somente no campo operacional. A maturidade emocional foi conquistada pelo exercício do autoconhecimento, o que favorece o entendimento recíproco.

A vida sexual ³

__Os parâmetros para o comportamento sexual serão definidos pela capacidade de entendimento, dentro do aspecto evolutivo de cada criatura.

Todas as possibilidades de experiências objetivam a evolução, e as relações voltadas para o sensual e o erótico, se pautadas no respeito mutuo e na reciprocidade das sensações em seus aspectos mais diversos, devem ser vistas com respeito e como experiências, buscando alçar vôos para fases mais sublimadas da sexualidade. E aqueles que já se questionam, fiquem atentos se os prazeres físicos tomam uma coloração marcante em suas vidas, pois determinaria um aprisionamento nessa esfera, impedindo-lhe de exercitar-se, como Espírito, em experiências mais transcendentes.” Mensagem mediúnica- Amemg 2001

___Relações monogâmicas

___Vencer a promiscuidade, a prostituição e o adultério.

___A experiência afetiva deve visar à unificação da criatura, em exercício mutuo dos cônjuges. ²

Podemos não ser imediatamente a pessoa ideal, porém e preciso que saibamos que existe esse estado.

___O campo das idéias e influenciado diretamente por essa energia e quanto menos sublimadas as vivencias, menos sublimadas suas opções e as soluções nos outros aspectos da vida. ³

O desejo e a vontade-criança, e como tal necessita crescer para realizar-se enquanto ser, continuara desejo, mas expressando-se de forma madura, como vontade ajustada.

Bibliografia

1- Vida e Sexo – Francisco Candido Xavier- espírito- Emmanuel

2- Criando União – Eva Pierrakos e Judity Sale

3- Mensagens Mediúnicas – Estudos AMEMG - 2001

Olinta Fraga, psicóloga clínica, sócia efetiva da Amemg

olintapsi@yahoo.com.br


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PRESERVEMOS AS CRIANÇAS DOS ESPORTES VIOLENTOS



Há dois mil anos, O Mestre Maior ensinou: Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (1) Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (2) Por estas máximas, Jesus estabeleceu, como lei, a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. E, por conseqüência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes. (3) A violência ensombra as conquistas sociológicas de todos os séculos. Brota em todos os níveis da sociedade, consubstanciando-se em várias amplitudes e espectros de cores carregadas.

A mídia, de uma forma geral, tem noticiado que, na Grã-Bretanha, muitos pais estão impondo aos filhos, muitos dos quais com apenas quatro anos de idade, lutar boxe tailandês. A materialidade dessa aberração está em documentário produzido por canal de televisão britânico, mostrando o circuito das lutas organizadas, em que os inscritos, para esse fim, são crianças com idade a partir de quatro anos (inacreditável!). Nesse proscênio, incentiva-se o Muay Thai (boxe tailandês), tornando, essa prática, cada vez mais popular na Europa, atualmente com centenas de academias estabelecidas.

Milhares de adultos insanos pagam ingressos para assistir crianças, menores de dez anos, lutando em uma espécie de gaiola de ferro. Muitos pais acreditam que essa prática pode incentivar os filhos a cuidar mais de si mesmos quando crescerem, e crêem que seus filhinhos possam conquistar o título de "campeão". Porém, esses pais desnaturados desrespeitam a liberdade dos filhos por não saberem quais são os reais sonhos dessas crianças, projetando nelas as suas frustrações.

Pediatras, psicólogos, professores e estudiosos consideram muito prejudicial, para as crianças e jovens, o incentivo a esportes agressivos, pelo efeito da violência que essas práticas produzem, pois, os golpes violentos fascinam as mentes infantis, principalmente, porque são desempenhados por "heróis" de filmes de ação, vistos em cinemas ou quando televisados.

Muitas crianças e jovens não têm capacidade crítica, não têm noção do perigo a que estão sujeitos aprendendo lutas marciais, muitas vezes desconhecem a índole do seu adversário, no que pese à postura de briga "esportiva", se aceitável, se razoável ou se absolutamente criticável, a eliminar de seus hábitos. O que identificamos, de forma generalizada, é o total distanciamento dos pais modernos, em nível de educação dos filhos nesse sentido. De maneira geral, transferem suas responsabilidades para as escolas ou para o Estado, enquanto eles é que tinham que dizer aos filhos se isso ou aquilo é perigoso para menores, ou não.

Uma legítima educação é aquela em que os poderes espirituais regem a vida social. Todavia, o "homem moderno" e que se diz "civilizado" se envaidece com a sua capacidade de subjugar os outros, de mandar, de impor medo, quando o ideal seria ensinar à sua prole o respeito humano e submissão a Deus. A degradação moral do homem contemporâneo abriu as comportas da violência, represada debilmente pelas barreiras artificiais da civilização. Essa deformação da mente e o aviltamento da consciência desumanizaram o homem, artificializado pela violência no seu método de ação, justificado pelo seu valor pessoal, para o reconhecimento do seu poder, que, imperiosamente, o embriaga e o tem levado a excessos perigosos.

A violência do "homem civilizado" tem as suas raízes profundas e vigorosas na selva. Um pai que expõe seu filho a golpes violentos, correndo o risco de inutilizá-lo para sempre, é bem o homo brutalis, que cria as suas próprias leis: subjugar, humilhar, torturar, matar. O seu valor está sempre acima do valor dos outros. Além disso, mister é recordar que a cumplicidade com a violência, por parte das consciências adultas, retarda a evolução coletiva e rebaixa o cúmplice a posições indignas. Pessoas de mente esclarecida, jamais fomentará idéias desse tipo em uma criança.

Os guantes da brutalidade continuam a fermentar competições hediondas nas novas estruturas sócio-culturais. A prova histórica disso está, hoje, diante de nossos olhos, na eclosão de violências em todos os níveis do mundo contemporâneo, sobretudo contra crianças. Nossa esperança é a de que essa explosão seja a catarse final para que o homem bruto desapareça e possa ceder lugar ao homem de bem.

Estamos numa conjuntura de nova antropofagia, superestimada e requintada pelas técnicas de lutas de arenas, como se fossem esportes de modernas concepções. Hoje, na era cibernética, os instrumentos de opressão, tortura e aniquilamento, de que o homem dispõe, atingem o clímax em face de seu máximo aperfeiçoamento.

Atualmente, educar é uma tarefa intrincada, é problema de solução nada fácil, em face das modificações que a condição infantil vem sofrendo nas últimas décadas. Antigamente, a pureza das crianças era uma realidade mensurável. Sua perspectiva não ultrapassava os simples livros didáticos, um único humilde caderno e brinquedos baratos. Para repreendê-las e educá-las, às vezes, bastava um olhar firme dos pais. Porém, aquele imaginário infantil, de quietude e sonho ingênuo, desmoronou sob o impacto da era da robótica.

Em nosso diagnóstico, concebemos que a televisão e a internet, ao invadirem os lares, potencializaram, nas crianças, o despertar antecipado para uma realidade nua e cruel, o que equivale afirmar que elas foram arrancadas do seu universo de fantasia e conduzidas para a violência, estimuladas, também, pela vaidade dos pais. Destarte, o período de inocência e tranqüilidade infantil foi diminuindo. Cada vez mais cedo, e com maior intensidade, as inquietações da adolescência brotam acrescidas pelos múltiplos e desencontrados apelos das revistas pornográficas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo descontrolado, do mau gosto comportamental, da vulgaridade exibida, das técnicas de lutas marciais e outras tantas extravagâncias, como reflexos óbvios de pais que vivem alienados, estagnados e desatualizados, enclausurados em seus afazeres diários e que nunca podem permanecer à frente da educação dos próprios filhos.

Seria possível uma viagem através do "túnel do tempo", a uma volta aos padrões comportamentais de 60 anos atrás? Seria desejável - e essa é uma meta a ser atingida a longo prazo - que as crianças só recebessem das pessoas que as cercam e do mundo que as envolve, mensagens boas e construtivas, ao invés de serem bombardeadas, dia e noite, pela violência e pela sensualidade desenfreada. Para que isso aconteça, cabe aos pais, principalmente, a tarefa de modificar essa deseducação constante por que passam na infância.

A regra áurea do amor haverá de prevalecer no mundo regido pela lógica da violência. No conjunto de providências dos Espíritos Elevados, o Espiritismo assumirá seu espaço, definitivamente. Isso equivale afirmar que essa posição suis generis do Espiritismo, permitirá preparar a criança atual para uma existência normal e digna no futuro, desde que os espíritas permaneçam atentos. Jesus prossegue o modelo.

A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das gerações jovens pelo exemplo de total dignificação humana sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os postulados Espíritas são antídotos para a violência, posto que aqueles que os conhece têm consciência de que não poderão se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do presente.


FONTES:
1 Mateus, V: 4
2 Mateus, V:9
3 Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed Feb, 2001, cap. IX



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